quinta-feira, 16 de julho de 2015

Garatuja [AUTORAL]




é um mundo cão e louco esse em que vivemos

ainda dentro de ilusões que mantemos sem sabermos;

queremos a certeza do erro de ver o bem



mas os olhos podem ser enganados

e arrastar todos os outros sentidos juntos

rumo a um buraco.



passeio distraído por frias ruas de concreto

vejo prédios ENORMES abandonados

enquanto a dignidade humana é usada pra varrer o chão

o resto derretendo sobre o Sol – o Astro Rei que confirma tudo.



grandes mentiras e casas sem espelho

premeditam um massacre sem precedentes

(para as próximas festas.)



não desconfiamos que o pior cego

é aquele que não quer VIR e VENCER 

as limitações impostas por quem não se enxerga.



brigamos todos

por algo que no fim não é nada.

tudo mais escorrendo

pelos dedos das SUAS mãos

das MINHAS mãos

das nossas;



admitir isso é enfiar a cara num espelho

sangue e cacos

gerando a cacofonia da dissolução

a RUPTURA do CAOS.



a REALIDADE

é só mais uma fuga.


e a fuga?
bem...
você acaba
pegando o jeito.



(20.06.08)

N.do E.:Garatuja é meu poema mais longo, o primeiro que decorei, especialmente para as performances do Coletivo Novos uivos, e ainda não tinha sido publicado em lugar algum até o presente momento.